terça-feira, 26 de junho de 2012


 O GRITO
(Antonio Cícero)


Estou acorrentado a este penhasco
logo eu que roubei o fogo dos céus.
Há muito tempo sei que este penhasco
não existe, como tampouco há um deus
a me punir, mas sigo acorrentado.
Aguardam-me amplos caminhos no mar
e urbes formigantes a engendrar
cruzamentos febris e inopinados.
Artur diz "claro" e recomenda um amigo
que parcela pacotes de excursões.
Abutres devoram-me as decisões
e uma ponta de fígado mas digo
E daí? Dia desses com um só grito
eu estraçalho todos os grilhões.



Antonio Cicero Correia Lima, nasceu no Rio de Janeiro no ano 
de 1945. É compositor, poeta, filósofo e escritor brasileiro.


2 comentários:

  1. Os grilhões permanecem nos pulsos de muitos brasileiros, embriagados, cegos com esse turbilhão de acontecimentos do dia a dia. É tanta coisa acontecendo, é tanto mal sendo implantado na sociedade, é tanta gente sendo prejudicada e todos veem, mas ninguém fala nada... O povo tem o poder, a vez e a voz, É H O R A D E G R I T A R!

    ResponderExcluir
  2. Formidável grande poeta brasileiro...

    ResponderExcluir