sábado, 26 de janeiro de 2013

O Adeus

Vida ao que parece, vai desaparecer
Acumulando mais cotidiana
Se perder dentro de mim
Nada importa mais ninguém
Eu perdi a vontade de viver
Simplesmente nada mais a dar
Não há mais nada pra mim
Preciso do fim para me libertar

Coisas não são o que costumavam ser
Faltando um dentro de mim
Mortalmente perdido isso não pode ser real
Não posso suportar este inferno que sinto
O vazio me preenche
Para o ponto de agonia
Crescente escuridão tomando a aurora
Eu era eu, mas agora ele se foi

Ninguém além de mim pode me salvar, mas é tarde demais.
Agora eu não posso pensar por que eu deveria tentar.

O ontem parece que nunca existiu,
Morte me cumprimenta quente, agora eu vou apenas dizer adeus.

Hércules Freitas.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Hai Kai


HAI
Eis que nasce completo
e, ao morrer, morre germe,
o desejo, analfabeto,
de saber como reger-me,
ah, saber como me ajeito
para que eu seja quem fui,
eis o que nasce perfeito
e, ao crescer, diminui.


KAI
Mínimo templo
para um deus pequeno,
aqui vos guarda, 
em vez da dor que peno,
meu extremo anjo de vanguarda.


De que máscara
se gaba sua lástima,
de que vaga
se vangloria sua história,
saiba quem saiba.


A mim me basta
a sombra que se deixa,
o corpo que se afasta.



Paulo Leminski