sábado, 19 de janeiro de 2013

Hai Kai


HAI
Eis que nasce completo
e, ao morrer, morre germe,
o desejo, analfabeto,
de saber como reger-me,
ah, saber como me ajeito
para que eu seja quem fui,
eis o que nasce perfeito
e, ao crescer, diminui.


KAI
Mínimo templo
para um deus pequeno,
aqui vos guarda, 
em vez da dor que peno,
meu extremo anjo de vanguarda.


De que máscara
se gaba sua lástima,
de que vaga
se vangloria sua história,
saiba quem saiba.


A mim me basta
a sombra que se deixa,
o corpo que se afasta.



Paulo Leminski

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