sexta-feira, 27 de julho de 2012

Pernicioso Segmento


Tamanha relutância,
Febril pensamento
Cultuado antes do ventre.
Acorrenta-se a discrepância,
Imorais doutrinas de contentamento,
Farsas, que tornam o ser doente.

O pecado cingi o homem.
Batalhas de desejos carnais e espirituais.

A vaidade excita,
O corpo cede,
A alma goza,
O espirito grita.





Alexander Moura.

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho 
tinha uma pedra 
no meio do caminho tinha uma pedra. 

Nunca me esquecerei desse acontecimento 
na vida de minhas retinas tão fatigadas. 
Nunca me esquecerei que no meio do caminho 
tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho 
no meio do caminho tinha uma pedra





Carlos Drummond de Andrade 

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Prece à boca da minha alma

Não te transformes em bicho,
ó forma incorpórea minha,
só porque animal capricho
perdeu o humano que eu tinha.

Guarda, do animal, o alheio
esquecimento. E somente.
Mas lembra aquele outro seio
que te nutriu a boca e a mente.

E recorda, sobretudo,
que não babas ou engatinhas,
a não ser quando te escuto
pelos becos, dentre as vinhas.

Vive como um homem morre:
em solidão e na esperança.
guardando a fé que socorre
em mim, semivelho, a criança.

Mas não te tornes em bicho,
nem percas o ser humano,
só porque a tara (ou o capricho)
deu-me este existir insano.





Nauro Machado, o gênio!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

NATUREZA


As cores são marcantes
Quando o céu está nublado,
E vi...
O que ninguém vê,
A beleza do invisível
Que faz parte...
Dessa natureza.


Yuri Hícaro, O poeta.

sábado, 14 de julho de 2012

FALÁCIA

É inevitável,
O homo sapiens se encolhe
Quando o mal
Toma o seu ser de medo.
Encurta-se
O caminho de toda espécie.
A união inexiste!


A doença maléfica,
Que tanta opressão proporcionou,
É o refugio.
Dispensa migalhas numa viela.
Desvia o foco
Da verdade perseguida
Tanto almejada!


O homem,
Regressa,
Algema-se
Aos grilhões da caverna.

Alexander Moura, o poeta!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

TIRANIAS
(Ruy Proença)

Antigamente
diziam: cuidado,
as paredes têm ouvidos

então
falávamos baixo
nos policiávamos

hoje
as coisas mudaram:
os ouvidos têm paredes

de nada
adianta
gritar


Ruy Proença, Poeta e Engenheiro de Minas.